Muita gente se engana achando que é preciso ter alguma formação em ciências náuticas para se tornar prático de navios. Os últimos concursos tiveram, entre os seus aprovados, profissionais de diversas áreas, como dentistas, engenheiros e advogados, entre outras carreiras. Além de ser brasileiro, acima de 18 anos e com nível superior completo em qualquer área, a única exigência da Marinha é que o candidato tenha a habilitação de Mestre-Amador para que possa participar do processo seletivo. Esta qualificação pode ser facilmente obtida: basta fazer uma prova – que acontece várias vezes ao ano, às vezes semanalmente – na Capitania dos Portos mais próxima da sua cidade.
A Marinha concede três tipos de habilitação para a condução de embarcações por amadores: Arrais-Amador, que dá permissão para circulação apenas em áreas abrigadas; Mestre-Amador, que habilita o piloto à navegação costeira; e Capitão-Amador, que permite a navegação em alto mar, a qualquer distância da costa. Para obter esta última licença, o candidato deve fazer uma prova que só acontece duas vezes ao ano, em abril e outubro, no Centro de Instrução Almirante Graça Aranha (CIAGA), no Rio de Janeiro.
A avaliação para obter a habilitação de Mestre-Amador é bem simples, como explica o Capitão de Mar-e-Guerra do Corpo da Armada e Hidrógrafo Jaime Roberto da Costa Felipe, autor do livro “Capitão-Amador – Navegação Segura em Cruzeiros de Alto-mar”, recomendado pela Marinha para o exame de Capitão-Amador e já em sua 4ª edição. “É uma prova teórica, com questões de múltipla escolha”, adianta Jaime, professor do Curso H que ministra o curso online específico para quem vai fazer a prova para Mestre-Amador.
Mestre ou Capitão, quando começar a se preparar?
Uma estratégia comum (e muito equivocada) observada entre candidatos consiste em primeiro tirar as habilitações de Mestre e Capitão Amador, para só então começar os estudos para Praticante de Prático. “Essa estratégia não faz o menor sentido”, observa Hercules Lima, Prático e fundador do Curso H. Em sua visão, os estudos para Prático devem iniciar no instante em que o sujeito toma a decisão de que quer se tornar Prático. Já as habilitações de Mestre e Capitão podem ser obtidas com tranquilidade durante a preparação para o processo seletivo. “Fazer o contrário seria uma inversão de prioridades, um desvio de foco com consequência importante no tempo necessário para se alcançar um patamar competitivo no concurso para Prático”, complementa Hercules.
É importante lembrar: a primeira fase do processo seletivo para Praticante de Prático é a prova escrita. Nesta primeira e mais difícil etapa, os concorrentes bem preparados de distintas áreas de formação estão rigorosamente no mesmo patamar – o que faz da seleção de práticos no Brasil um procedimento extremamente democrático. É um equívoco achar que candidatos oriundos de atividades náuticas levem alguma vantagem nesta prova. Dada a especificidade dos assuntos cobrados, os conhecimentos prévios dos profissionais do mar lhes conferem apenas uma pequena vantagem inicial, que logo desaparece após uns poucos meses de estudo.
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Mestre-Amador: conheça os temas da prova
Entre os temas abordados no curso – e cobrados na avaliação – estão noções básicas de meteorologia, estabilidade de barcos, navegação costeira e comunicações no mar. Até o último processo seletivo para prático de navios no Brasil, a exigência estabelecida pela Marinha era a habilitação de Mestre-Amador. Não há, até o momento, indícios claros de que esse quesito será alterado. Mas o grande crescimento do número de interessados pela Praticagem e comparativos internacionais alimentam uma corrente que crê em uma mudança de patamar na habilitação a ser exigida para o concurso.
O passo seguinte na hierarquia de habilitações seria a de Capitão-Amador, que inclui conhecimentos mais aprofundados na condução de navios e requer uma dose a mais de estudos. Por isso há, entre os candidatos, um aumento na procura por essa habilitação. A busca se justifica, principalmente, pela menor janela de oportunidades para realização da prova – apenas duas vezes por ano. Tornar-se Capitão-Amador, como foi abordado no post Saiba como se preparar para a prova de Capitão-Amador, pode ser uma boa estratégia. Afinal, conhecimentos adicionais só podem trazer benefícios.
De quebra, o candidato ainda consegue antecipar-se a alguns conteúdos pelos quais, obrigatoriamente, passará ao longo de sua preparação para a prova escrita do concurso para prático. E a preparação para navegação em áreas distantes da costa pode representar, para os amantes do mar, o início de uma bela aventura. Mãos à obra!
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