No Caribe, por exemplo, a espécie é um grande problema – Foto: Kadu Pinheiro
O primeiro registro de peixe-leão em Fernando de Noronha ocorreu 28 metros de profundidade, em dezembro de 2020. De lá para cá, os encontros com esse animal não pararam mais de ocorrer.
O impacto ecológico da ocorrência desses animais invasores pode ser enorme, pois o peixe-leão consome espécies menores, que seriam alimentos para peixes maiores como o atum por exemplo, portanto o desequilíbrio ecológico tende a acontecer.
Amostras dos peixes também são enviadas para a Universidade Federal Fluminense e a Universidade da Califórnia, nos EUA, que também analisam o material.
O peixe-leão, conhecido mundialmente pelo nome Lion Fish, é uma espécie natural do Indo-Pacífico, que chegou ao Caribe no início dos anos 2000. Ele se espalhou rapidamente pela região causando muitos danos à fauna aquática, pois se alimenta de muitas espécies de peixes importantes para o equilíbrio da biodiversidade e cadeia trófica marinha.
Esses animais podem viver até 15 anos e chegam a pesar 500 g. Habitantes de recifes e costões rochosos e de hábitos noturnos, eles preferem se abrigar em cavernas ou fendas durante o dia. Conhecidos também como peixes-dragão, são venenosos, apresentando vários e longos espinhos nas regiões dorsal, pélvica e anal que possuem glândulas com veneno. Dificilmente algum predador se alimenta desses peixes, somente alguns tubarões, ocasionalmente. É justamente por praticamente não serem predados e serem grandes predadores que os torna uma verdadeira ameaça.
Pertencentes à família scorpianidae, a espécie mais conhecida é a Pterois volitans, com listras vermelhas ou laranjas ao longo do corpo.
Segundo a equipe do ICMBio de Fernando de Noronha, ainda em novembro serão concedidas autorizações para as operadoras de mergulho no arquipélago levarem em suas embarcações equipamentos específicos para a captura desses animais, tentando assim evitar a proliferação dos animais.
É importante que condutores de visitantes, mergulhadores, pesquisadores, pescadores, entre outros, que frequentem ilhas e costões rochosos e de corais do Brasil, registrem e informem ao ICMBio e aos pesquisadores associados ao tema caso encontrem essa espécie. Essa atitude permite assionar, com a maior brevidade, planos de emergência para identificação, captura, sequenciamento genético, entre outras ações capazes de avaliar ou reparar potenciais danos.
O monitoramento da invasão do peixe-leão é uma ação alinhada com o objetivo 7 do Plano de Ação Nacional para a Conservação dos Ambientes Coralíneos (PAN Corais). Algumas unidades de conservação marinhas já iniciaram campanhas de sensibilização e divulgação sobre a temática, como a Área de Proteção Ambiental (APA) Costa dos Corais (PE), a APA de Fernando de Noronha (PE) e Reserva Extrativista (Resex) Marinha de Arraial do Cabo (RJ).
A mobilização de pesquisadores, parceiros, condutores e empresas de turismo, visitantes, pescadores entre outros é fundamental para que se tenha maior vigilância e monitoramento para essa ameaça aos recifes brasileiros.
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